sábado, 4 de fevereiro de 2012

XI FESTIVAL DE APARTAMENTO ACONTECE HOJE (4) EM CAMPINAS (SP)

Evento que preza a performance artística já teve sede em outras cidades, e recebe participantes não só da região metropolitana do estado de São Paulo, como também de todo o País

Por Nathalia Abreu

Começou há pouco, por volta das 20h30 de hoje (4), o XI Festival de Apartamento em Campinas. O evento, que foca a arte da performance de uma maneira bem peculiar, recebe nesta edição desde participantes paulistanos até palmenses (da capital de Tocantins).

Criado em 2007 por Rodrigo Emanoel Fernandes, mestre em arte-educação pelo FE/Unicamp, Ludmila Castanheira, mestre em comunicação e semiótica pela PUC/SP e Thaíse Nardim, mestre em Artes pela Unicamp, o primeiro contato com a ideia foi através do livro Assalto à Cultura, de Stewart Home, no qual é retratada a história dos movimentos artísticos obscuros da Europa entre 1930 e 1980.

"Conhecendo melhor a definição dos Apartments Festivals, percebemos que já fazíamos nossos próprios encontros. Só o que faltava era o discurso que faria com que nossa mera reunião de meia dúzia de amigos ganhasse a potência necessária para seduzir mais artistas a abraçarem a ideia. Hoje esse discurso se manifesta na forma do blog, dos registros e da adesão de mais performers interessados em participar. Tudo isso torna o festival mais real e significativo a cada edição", conta Fernandes.


Para ele, o principal objetivo é abrir uma brecha no cotidiano por uma noite, transformando uma residência normal num espaço de mostra de arte performática, no qual artistas possam ficar à vontade para fazer experimentações, sem julgamento curatorial prévio.

"Quem participa do festival sabe que não foi "selecionado" por ser o melhor segundo algum critério, e nem receberá prêmios ou dinheiro; pelo contrário: o artista terá no mínimo que arcar com os custos de sua viagem. No fim das contas, a única motivação para participar do festival é o prazer envolvido no encontro em si, na troca de obras, expressões, ideias e convivência. Isso, por si só, é uma afirmação política importante numa cultura em que todos os prazeres e significados da vida são regulados em termos de valores capitalísticos", enfatiza o organizador.

Para Fernandes, a arte da performance é uma forma de expressão artística difícil de definir. "Existem inúmeros autores tentando achar uma forma de dizer o que é a performance, mas quase sempre chegam a resultados contraditórios. Como a prática quase sempre é centrada no corpo em cena, costuma ser confundida com o teatro, mas embora seja cênica, não é teatral: suas origens estão mais ligadas à evolução das artes plásticas. Pra alguns uma performance é um espetáculo multimídia, e para outros são ações vividas apenas pelo corpo do artista. Podem ainda seduzir o público, ou enojar e agredí-lo, ou ainda nem precisar de público. São formas de expressão muito pessoais, que trabalham com tabus e poéticas intensas, que não tem necessariamente que corresponder a uma expectativa de quem assiste", conclui.

 
O festival é aberto a todos que têm interesse nesse tipo de manifestação artística.

 
Sobre os Apartment Festivals

Os Apartment Festivals foram criados pelos neoistas nos anos 1980 como eventos internacionais de arte da performance realizados nas moradias dos artistas, abrindo mão do recurso ao financiamento de órgãos oficiais. De acordo com Fernandes, oa festivais eram, no fim das contas, festins de amigos que se encontravam cada vez em um apartamentos diferente para apresentar suas performances e confraternizar. Entretanto, o discurso utilizado fazia com que o conceito se tornasse mais do que isso.

"Seguindo a tradição da arte postal e do arte-ativismo, os neoistas se apropriavam dos termos e discursos sancionados pelas instituições e pela lógica capitalística e chamavam essas festas de "eventos internacionais de arte da performance". Era uma ironia, claro, mas quando todos os participantes optam por considerar válido um discurso irônico e adotá-lo como chamariz para repetí-lo e talvez amplia-lo, essa é toda autenticação que você precisa", explica.

Para saber mais sobre as edições anteriores do festival e conferir as atrações de hoje, acesse http://festivaldeapartamento.blogspot.com/

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

IMAGEM MARGINAL

'Deselitização' da arte é a ideia central do trabalho do fotógrafo Diego Lobato

Por Nathalia Abreu


O fotógrafo Diego Lobato
(foto: Nathalia Abreu)

O cinza da cidade de São Paulo, momentos cotidianos, cenas de skate e shows de rock: estas são as características que, para o fotógrafo paulistano Diego Lobato, fazem de sua obra uma espécie de "fotografia marginal", título que ele mesmo criou para se definir. Inspirado pelos fotógrafos Henri Cartier-Bresson, Man Ray, Dorothea Lange e Elliott Erwitt, Lobato faz arte do seu próprio jeito, com uma câmera Canon com apenas uma lente, sem tripé, sem filtros ou qualquer outro tipo de glamour e luxo fotográfico.

Aos 23 anos, o artista que trabalha desde 2007 tenta ganhar espaço e reconhecimento do público participando de mostras organizadas em bares alternativos de São Paulo e divulgando seu próprio trabalho pela internet. Em sua última exposição, que aconteceu em novembro do ano passado no Bar Kabul, próximo à região da Avenida Paulista, em São Paulo (SP), Lobato fez uma miscelânea de todo o material que produziu desde o início de sua carreira.

“Fiz algumas intervenções de colagem para modificar minha própria obra, criando uma nova linguagem. O título Fotografia Marginal surgiu pela admiração do trabalho de outras pessoas. Sempre gostei da fotografia clássica, da ideia do faça você mesmo, de retratar cotidiano. Para mim, fotografar é isso: ficar na rua o dia todo”, diz.

Para ele, a fotografia é uma continuação da pintura. “Tudo o que foi feito para contemplar é uma arte. A expressão não pode ter limite”, reflete. O fotógrafo acredita que é necessário ‘deselitizar’ a arte para que a linguagem seja mais acessível para todos. “Quero que meu trabalho seja popular para que todo mundo o entenda.”



(foto: Diego Lobato)

O início
Lobato conta que, quando teve a chance de pegar uma câmera, começou a se virar com o que tinha e com o que sabia. Fez um curso básico para aprender a técnica, mas o restante veio “na base da malandragem”.

Atualmente, o fotógrafo é assistente em um estúdio em São Paulo. Seu plano para os próximos anos é continuar trabalhando sozinho nas ruas para reunir material e, dentro de aproximadamente dez anos, publicar um livro com o título que deu nome à sua última exposição.

“Pretendo desenvolver além da fotografia, entrelaçar outros tipos de mídia e fazer colagem nas ruas”, conta. Sua vontade agora é explorar melhor a fotografia contemporânea, as cores e o jogo de luz.

Lobato acredita que a arte contemporânea é uma fuga da formalidade acadêmica. “Deve ter muito artista ou fotógrafo bom por aí que não aparece porque não consegue um espaço”, ressalta.

Para conhecer melhor o trabalho do artista, acesse:

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

REMONTAGEM DE HAIR, TEMPO DE FLOR SURPREENDE PELA SENSIBILIDADE

Oficina dos Menestréis se arrisca em remontagem de um dos musicais mais clássicos da Broadway e ganha destaque na programação cultural

Por Giuliana Latorre

No mês passado, o espetáculo “Tempo de Flor”, baseado no filme Hair, de Millos Forman, chamou a atenção em meio à vasta programação cultural paulistana.Tempo de Flor, do grupo Oficina dos Menestréis, de Oswaldo Montenegro, conta a história de um jovem rapaz que foi de Oklahoma a Nova York para se juntar ao exército americano. Lá encontra um grupo de Hippies que vão lhe mostrar uma nova visão de mundo, a favor do amor e contra a guerra. Muito mais que ideologia, a montagem expõe a sensibilidade e a fragilidade humana diante das adversidades da guerra. A adaptação foi desenvolvida de modo criativo e o elenco conta com Graça Cunha e Jaqueline Ribas (cantoras do Altas Horas).

Acompanhe no site o dia e horário do espetáculo, que terá apresentação extra no mês de dezembro.

Oficina dos menestréis
A oficina foi idealizada em 1981, quando Oswaldo Montenegro sentiu a necessidade de trabalhar com um novo método de direção na preparação de cantores, atores e bailarinos, criando exercícios fundamentados em técnicas de reflexo e atenção no treinamento de seu elenco.Seu irmão e ator, Deto Montenegro, adapta esse treinamento artístico para indivíduos de todas as áreas profissionais, acreditando que eles ajudam na qualidade de vida dessas pessoas e, em 1986, monta a primeira turma no Rio de Janeiro.Com o sucesso obtido no Rio, em 1991 Deto, juntamente com a Companhia Oswaldo Montenegro, viajam para São Paulo e começam a primeira turma em São Paulo, dando origem à montagem do espetáculo “Noturno”, em cartaz até hoje.Dois anos mais tarde, Deto firmou sociedade com Marco André Brandão de Magalhães, o Candé e criou a Oficina dos Menestréis.

sábado, 10 de setembro de 2011

COLETIVO ARTÍSTICO IMPRESTÁVEIS ORGANIZA DIA DA INTERVENÇÃO POÉTICA

Com ousadia e criatividade, grupo propõe um dia voltado às artes


Por Luana Ribeiro

Aproveitar a estação mais florida do ano para trazer poesia à cidade é a proposta do coletivo artístico Imprestáveis. Com o Dia da Intervenção Poética, o grupo vai usar a arte para colorir a metrópole onde o cinza predomina – seja nos muros, no ar poluído ou mesmo nas mentes dos trabalhadores apressados. Agendado para o dia 25 de setembro, o evento carrega poesia até na data escolhida, que coincide com o primeiro final de semana após a chegada da primavera.

“A intenção é mobilizar uma corrente de ações artísticas, em diferentes lugares e horários e fazer com que as pessoas dediquem um tempo à poesia”, afirma a artista plástica Le Carvalhaes, integrante do Imprestáveis.

Mais que propor atividades, o objetivo do grupo é formar uma corrente de artistas (profissionais ou amadores) dispostos a levar um pouco de arte às pessoas. Por isso, o coletivo decidiu não limitar o evento a um lugar específico, e, portanto, não é preciso estar em São Paulo para participar. No entanto, os paulistas têm um motivo a mais para comemorar: o Imprestáveis elaborou uma programação para São Paulo que inclui trabalhos já apresentados anteriormente e algumas intervenções inéditas, como a performance intitulada “A música do silêncio”, na qual os participantes são convidados a tocar uma música silenciosa com instrumentos imaginários (veja os horários abaixo).

Os artistas que quiserem participar devem entrar em contato com o grupo para apresentar seu projeto ou para saber como podem colaborar. O intuito é reunir um número expressivo de pessoas e espalhar atividades por várias cidades diferentes.

Teologia do traste
O nome do coletivo resume a essência do grupo. Inspirado no poema “Teologia do Traste”, de Manoel de Barros, o conceito de que a arte muitas vezes não é vista como algo essencial para o ser humano sempre incomodou o grupo, conforme explica o imprestável André Renato: “Durante uma conversa sobre a importância da arte para a sociedade e sobre a visão que se tem do artista, chegamos à conclusão de que não nos encaixávamos no modelo de ‘cidadão perfeito’. Foi aí que nos demos conta de que éramos imprestáveis”.

Formado por André Renato, Bodão, Cristiane Bastos Ferreira, Fernando Martins Lara e Le Carvalhaes, o Imprestáveis foi criado em 2009 e nasceu da vontade dos integrantes de materializar os projetos artísticos de cada um. Com especialidades diferentes - poesia, cinema, artes plásticas e música – a ideia era formar um grupo no qual todos pudessem manifestar-se livremente e, sobretudo, que a arte fizesse a diferença. E foi então que tudo começou. “Nós sempre tivemos várias ideias e, em uma conversa casual, decidimos formar um grupo para que pudéssemos executá-las”, resume Cristiane.

De lá pra cá, o grupo já se apresentou em eventos como a Virada Sustentável, que aconteceu este ano, e a Festa Jã da Mula sem Cabeça, realizada em 2010. Apesar do Imprestáveis ser recente, seus integrantes são amigos de longa data e, talvez por isso, superar as divergências de ideias que surgem durante os trabalhos não seja um problema. “É difícil haver uma unidade, normalmente cada um tem uma opinião. Mas é justamente quando todos concordam com algo que surge um novo trabalho”, diz Bodão. Fernando completa: “Ter várias opiniões no grupo é essencial, é isso que faz de nós um coletivo”.

Quer participar do Dia da Intervenção Poética? Entre em contato com o grupo:

imprestabilize@gmail.com
http://www.facebook.com/profile.php?id=100001978554378

Programação do coletivo Imprestáveis para São Paulo
Dia 24/09
00h00 – Centro
Intervenção gráfica

Dia 25/09
11h – Parque da Juventude
Performance “A Música do Silêncio”

14h – Av. Paulista
Performances e instalações simultâneas

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

GRAFITE 3D IMPRESSIONA PELO REALISMO

Por Giuliana Latorre

Quando o assunto é grafite, algumas pessoas logo pensam em vandalismo. No entanto, essa técnica também é um tipo de arte. Embora pouco difundido, o grafite 3D vem ganhando espaço pelas ruas paulistanas, transformando a street art (ou arte urbana) em uma verdadeira obra de arte.

Em 2009, uma pintura prendeu a atenção dos curiosos que passavam por pela Praça Patriarca, no centro de São Paulo. Eduardo Kobra e sua equipe fizeram grafitaram um desenho de um carro em três dimensões em plena rua. Esse tipo de pintura é muito difundido nos EUA e na Europa.
Kobra, pioneiro no Brasil, é considerado um expoente da neo-vanguarda paulista e está entre os principais nomes desse tipo de arte no cenário paulistano. O artista começou em 1987 e foi aperfeiçoando seu trabalho até virar referência nacional. Suas obras, com traços ricos em sombra, evidência uma arte em três dimensões, com ilusão ótica, em que o espectador consegue entrar e interagir com a obra.

Segundo Kobra, sua técnica é complexa e exige muita determinação, porque pintar com os joelhos no chão o tempo todo não é nada fácil.

 


Referência: http://www.revistacatwalk.com.br/secoes/7-Reportagem/17-Doce-ilusao
http://blogimpacta.com.br/2011/07/05/entrevista-eduardo-kobra-a-arte-acessivel/